Entrevistas com Ashinano Hitoshi, Shiina Hekiru e GONTITI

Entrevistas curtas presentes no encarte do primeiro CD Drama de Yokohama Kaidashi Kikou, lançado em 1996.



Ashinano Hitoshi

Antes de mais nada, o que te inspirou a criar esse mangá?

Ashinano: Eu gosto de caminhar sem destino. Foi quando eu estava rondando pela Península de Miura, onde nasci, observando os vestígios de quando o nível do mar ainda estava alto, que imaginei a história de um mundo prestes a afundar. Além disso, também tive influência de vários livros.

O que você achou do que viu das gravações de hoje?

Ashinano: Primeiramente, percebi que é um trabalho bastante complicado. Não imaginei que levariam quarenta minutos para gravar uma cena de apenas cinco. Achei que tudo terminaria depois de umas duas horas.

Quais foram as suas impressões da Shiina como Alpha?

Ashinano: À primeira vista, ela tem um ar bastante infantil. Já que a Alpha teria por volta de uns vinte anos, então fiquei curioso sobre como ela atuaria, mas, como já era de se esperar, ela foi ótima.

E quanto ao Tio?

Ashinano: Deixaram ele bem legal. A verdade é que eu pretendia que ele fosse mais um velhinho depravado (risos). Mas talvez ele também seja daquele jeito.

E qual a sua opinião da adaptação como um todo?

Ashinano: Em vez de pensar no que faço como uma obra, eu vejo mais como "desenhos que quis fazer". Jamais imaginei que eles se tornariam sons, por isso fiquei curioso com o resultado. Perceber alguns pontos e entender que "ah, então isso é representado dessa forma" foi interessante.

Tem algo que você gostaria de ver em uma próxima adaptação para CD Drama?

Ashinano: Essa dramatização ficou excelente, mas caso haja uma próxima, acho que seria bom deixar a música como foco principal. Dessa vez eles seguiram com a história do mangá, mas acho que se conseguissem representar a ambientação apenas por sons seria interessante.




Gonzalez Mikami (esquerda), Shiina Hekiru (centro) e Titi Matsumura (direita)

Shiina Hekiru

Como foi dar voz à Alpha?

Shiina: Eu sinto que ela é uma mulher muito espontânea, seja quando está tocando o Yueqin, ou quando está conversando com o Takahiro e com o Tio. Por isso, o meu objetivo era conseguir adentrar naquele mundo, ou melhor, ter e assimilar dentro de mim a mesma atmosfera que ela tem. Me preocupo com o quão bem eu consegui fazer isso.

Hoje foi o dia da gravação musical; o que achou do resultado?

Shiina: Ficou muito gostosa de ouvir. As músicas de Gontiti tem um estilo muito rico, adoro essa sensação de que a calmaria do mundo de "Yokohama Kaidashi Kikou" e das suas paisagens da cidade de Yokohama afundada, das colinas e dos pássaros cantando "deepopô" pudessem aparecer diante dos nossos olhos. Geralmente, eu canto com alguma intensidade, mas acho que consegui cantar de forma mais descontraída dessa vez.

Há algum momento que você canta como se fosse a Alpha?

Shiina: Algo do tipo. Apesar de que sou eu, Shiina Hekiru, cantando, a letra não é composta dos meus sentimentos, mas sim uma reflexão do olhar que ela tem do Café, dos amigos e das paisagens de Yokohama. Então pensei em cantar de uma forma que, para alguém tão natural como ar igual a Alpha é, seria como se ela estivesse descrevendo naturalmente o que presenciou.

E qual a sensação como ouvinte?

Shiina: Eu recebi esses dias a versão instrumental e deixei tocando de fundo pela manhã. O clima ficou bastante aconchegante. Eu espero que todos também se sintam da mesma forma quando a escutarem.


GONTITI

Eu creio que vocês já tenham lido o mangá de "Yokohama Kaidashi Kikou"; o que acharam?

Gonzalez: Mangás de hoje em dia estão bastante violentos e as coisas acontecem muito rápido, né? Não que eu acha isso exatamente ruim, mas eu gostei bastante do estilo calmo de "Yokohama". Não chega a ser cansativo e tem personagens cativantes.

Como foi o processo de composição?

Titi: Primeiro, nós reunimos as músicas que cada um fez, discutimos sobre o que dá para combinar delas, juntamos e seguimos compondo.

Gonzalez: Por isso, acaba se tornando, na melhor das ideias, uma música ao nosso estilo. Estou contente que saiu algo bom.

Qual foi a ideia por trás da cena com o Yueqin?

Titi: É dito no mangá que é "a música de uma noite chinesa", então seguimos com uma melodia parecida com a de lá. Ficou ótima música e com um ar de fantasia.

E para a cena da dança?

Gonzalez: Já que a personagem dança ao som de palmas, então tentamos fazer algo com uma pegada espanhola.

Titi: Espanhola, cigana, sul-americana, e até mesmo russa (risos).

E em relação à canção principal?

Titi: Essa também ficou bem interessante, né. Nós também fizemos a letra, mas até parece que foi escrito por uma moça (risos).

Gonzalez: Fizemos músicas ao estilo chinês, estilo cigano também, e até mesmo a canção principal ficou um pouco exótica. Uma combinação bem variada, não?

Comentários e etc

・Yokosuka: Ashinano nasceu na cidade de Yokosuka, na prefeitura de Kanagawa. Yokosuka é uma das cidades que compõem a Península de Miura, localizada ao sul de Yokohama. A cidade é conhecida por seus sítios arqueológicos e ruínas. Bases navais, túneis secretos e abrigos antiaéreos foram construídos durante a Era Meiji (1868-1912), sendo que alguns estão abertos para visitação (A famosa bateria de artilharia Chiyogasaki, uma das prováveis inspirações para Ashinano, é uma delas).

・Deepopô: Esse é o som característico da Rola-oriental (em japonês, Kijibato キジバト). É um animal bem característico de áreas interioranas do Japão. Uma Rola-oriental aparece cantando nas páginas iniciais do capítulo 3 de YKK.

・A música citada nas duas últimas entrevistas é a Itsuka Aetara いつか会えたら.


Publicado em 20/05/2025